Outro dia eu disse que me sentia como um barquinho vencendo as ondas bravas em alto mar. Em meio às tempestades, meu barquinho frágil foi vencendo cada palmo de água revolta. Algumas avarias aconteceram, mas meu barquinho não havia afundado.
Pois agora, na reta finalíssima, sinto que encontrei no casco do meu barco um buraco por onde perigosamente tem entrado água. Meu barco ameaça submergir.
Deixando a metáfora de lado, vou falar em bom português...
Quem me conhece ou quem dedicou algns minutinhos diários acompanhando minha gravidez aqui no blog, sabe que tive alguns probleminhas no decorrer da gestação, e que ela não foi muito tranquila. Sabe também que levei tudo na esportiva, que fechei olhos e ouvidos para tudo aquilo que me era prejudicial - comentários maldosos, terrorismo, palpite fora de hora, essas coisas. Fui na medida do possível uma gravidinha folgada e bem humorada.
Só que ultimamente vinha me sentindo megapowerplus incomodada com os olhares dirigidos à minha pequenina jabulani. Tanto que resolvi revidar com cara de merda a quem me olhasse como aberração. Ontem mesmo, na minha caminhada, um trio de corócas ficou me encarando com cara de espanto. E eu devolvi um olhar que em desenho animado, corresponderia ao bafo de um dragão, soltando fogo. Um cara chamou a companheira para que ela me olhasse, eu virei as costas. Passou uma medonha de carro e fez "noooossaaaaaaaa" como se eu tivesse toda cagada. Aprendi a me defender destas pessoas. Cansei dessa hipocresia. Nem me venham dizer que é olhar de admiração, porque sei que não é. É de susto, espanto, de quem não consegue admitir algo que está diferente daquilo que costumam ver. E foda-se o mundo, que meu nome não é Raimundo, po**a!
Isso ainda é fichinha. O que me fragiliza demais é a cobrança, que cresce a cada milisegundo. Meu celular tocando direto e reto. "E aí, nasce ou não nasce?" "Como não, ainda tá aí?" "Ah, depois que nascer você vai ver só".
[pausa para uma cara de espanto] Peraí, então quer dizer que fiz um péssimo negócio em engravidar? Filho só traz desgosto? Então por que é que tanta mulher bota filho no mundo, catso? Sacanagem isso. E a cobrança? Como se eu tivesse obrigação de me abrir com alguma alavanca e expulsar o Miguel daqui de dentro. E em decorrência de tudo isso, eu que estava muito calma, resolvi deixar a ficha cair. Ontem à noite, ou hoje, acho que passava das 0 horas, eu chorei muito, feito criança. Senti muito medo. De não dar certo, do Miguel não nascer bem, do durante, do depois, da solidão no hospital (meu marido não pode ficar de acompanhante, o quarto será coletivo - e eu só quero ELE e mais ninguém), pela pressão, pelo peso da responsabilidade que carreguei nesses meses todos e que ainda irei carregar. Não é o peso físico, que esse dá pra contornar. É o peso psicológico, onde a mãe é sempre a culpada, a responsável. Durante todo esse tempo, a frase que mais ouvi foi:
"Não faça isso que o bebê sente". - Sim, o que ele sente muito me importa. Mas e o que EU sinto, não conta nunca? Antes de fazer o bem, EU preciso estar bem. Senão tudo fica uma merda!
Pois é, eu sucumbi. Mesmo porque acima de tudo, não sou uma fortaleza. Sou uma humana, tentando acertar a cada dia. Mas que não quer e nem precisa ser julgada, tampouco pressionada.
6 comentários:
Dri,
Por tudo o que passou sempre te achei uma fortaleza, e não é um momento desses que vai te fazer mais fraca, somos humanos neh!
Coloca pra fora mesmo, o bebê sente tudo e guardar angústia é pior porque só vc e ele vão sentir, então joga pra fora isso tudo!
Isso que falam "depois que nascer vc vai ver só" é um saco! Só reclamam que dá trabalho mas todos querem neh!
bjo e guenta aí!
AAh, você anda muito educadinha. Pra esse povo que fica enchendo o saco, apenas diga "resolvi que esse mundo é muito cruel pro meu filho. costurei minha periquita e só vou deixar ele sair com 30 anos de idade, no mínimo. Espalhe a notícia." xDDDD
Sim. nunca mais perguntarão sobre isso. também nao perguntarão se você já cortou as unhas dele, se vai cortar o cabelo, nem se você acha que vai chover pela tarde. paz total! =D
Manda todo mundo tomar no olho do furacão, dri!
HAHAHAHAHAHA
Puta gente chata, hein.
;[
Deixa o menino vir quando ELE tiver afim, ué.
Aguenta as pontas, aí.
E não esqueça: a melhor terapia é o foda-se!
HAHAHAHAHAHAHA
Beijão, flor.
Amiga, todas temos um momento de fraqueza e vc precisava ter o seu tmb! Mas sei que vc é guerreira e que isso ou aquilo não deixarão vc abatida não! Tenha fé, vai dar tudo certo, aco que essa proximidade do parto acaba te deixando mais sensível mesmo, mas estamos aqui, com vc, torcendo MUITO!!! E que Miguelito venha ao mundo na hora Dele!
Bjinhos amore.
Dri, é normalíssimo o que vc está sentindo. Toda essa insegurança e também revolta contra esse povo folgado que joga balde da água fria em quem já tá fragilizada. "Vc ainda vai ver só" Cacildes meu, qnd alguém diz isso quase mando ir a merda! Outro dia quase mandei minha vó. Liguei p ela toda feliz pra contar algumas notícias e ela me joga a pérola: " Quero ver essa felicidade depois q o bb nascer. Aí vc vai ver o q é bom" Na hora e sem titubear eu respondio na lata: "Engraçado, a sra me dizer isso, pois botou foi 3 filhos no mundo e tem um carinho tão grande por eles, né? Não parece ser tão ruim senão a sra parava no primeiro". Amiga, nunca mais ela ousou jogar outro balde desses em mim. Ah, pro kct, meu! (Momento desabafo on) Pode ser vó, mãe o presidente da répública ou o papa, tô cagando e andando, e dou resposta mal criada sem dó.Enfiem essa língua venenosa que não serve pra ajudar em nada no meio do c...
Vc tem todo direito de se sentir insegura, more. Todas mamães de primeira viagem sentem isso. Mas ó, lendo o livro da Tracy Hogg , ela mesma diz:nenhum bb morre de fome , frio , porque demorou a trocar fralda , ou morreu de chorar. Isso já é a primeira coisa q vc bota na sua cabeça pra ir se tranquilizando.
Eu tava cheia de medos e dúvidas e depois de ler o livro me sinto bem mais segura e sei q a fase de insegurança é normalíssima e como falei é apenas uma FASE.
Amiga le o livro. Vc vai ver que ter um bb não é nenhum bicho de 7 cabeças. E gostei da autora que ela é curta e objetiva, e pensa muito em nós mães fragilizadas e cheias de medo. Eu recomendo, cada vez q o leio, fico mais segura. Bjsss na jabulani.
Dri não liga pra essa "gentalha" não, manda tudo pra pqp. E se for dar trabalho será pra vc, ninguem tem que se intrometer não. E o Miguel vai vir todo saudavel, só te dará orgulho. fica sussa que esse povo só sabe jogar areia na felicidade dos outros, em toda etapa da vida tem esse tipo de zé povinho. Agora é só esperar o Miguel dar as caras por aqui.
bjoo
Postar um comentário