Pois é. Depois de tanto choro e ranger de dentes, a gente tá na reta final, com sérias intenções de iniciar a mudança de casa nesse final de semana. Eu to com medo, sabe... já mudei muitas vezes, sou pior que cigana, mas nunca com bebê nos braços. Sempre meti a mão na massa, mas agora a coisa mudou de figura. Estou de mãos atadas.
Aliás, outra coisa que me incomoda é que eu adoraria me mudar com a casa finalizada 100%, mas isso não irá acontecer. Claro que, tudo o que está no projeto da Caixa Federal está pronto, mas o restante como fachada, garagem (piso e cobertura), reboco externo do muro, não estarã prontos. Vou ter que aturar pedreiro me amolando enquanto eu morar lá. É o pior castigo pra mim. Mas deixa pra lá, olha eu de novo reclamando de barriga cheia, não é mesmo?
Sei lá, acho que as amigas que estão comigo a mais tempo notaram que meu comportamento mudou muito de uns meses pra cá. Antes eu era mais leve, brincalhona e agora parece que meu mundo ficou escuro, que me tornei uma pessoa ranzinza, azeda. Eu também notei isso e não consigo parar. Juro que penso nisso todo santo dia, mas estou muito amargurada. É que me sinto cansada e sozinha. Me sinto pesada para as pessoas, como se não fosse nem a sombra da Adri do passado. Mudei muito. E não creio que tenha sido pra melhor. Só dou o meu melhor pro Miguel. Ele pega tudo o que tenho de bom pra ele.
Embora a maternidade seja uma coisa linda, tenho que dar o braço a torcer que não é nada fácil. Desde que me tornei mãe eu:
- Fui esquecida pelas pessoas. Parece que eu sou mero veículo de carga do Miguel. Eu não chego aos lugares. É o Miguel quem vai, montado na mula aqui.
- De repente eu sou uma pessoa burra e que todo mundo precisa me ensinar algo, mesmo que seja a mais tremenda idiotice. Como se o Miguel andasse sujo, doente e desnutrido.
- Dormir não me pertence mais, mesmo que o sono esteja me tirando a capacidade de pensar, agir, reagir. Eu que molhe a cara com água gelada e rumbora cuidar da vida.
- Falar em dormir, adquiri uma senhora insônia e meu sono quando acontece, é muito leve.
- A minha gilete dura meses com o corte excepcional, visto que nem é utilizada. As pernas andam abandonadas, assim como o restante das partes pilosas. Mas como disse uma vez uma comediante de stand up: "se eu não recebo visita, pra que é que vou varrer a calçada?". Pois é, já que não rola nada, pra que eu vou perder tempo me depilando, ficar bonita pra quê, se nem mulher eu sou mais? Aí vão dizer, fica bonita pra você, oras... é que eu não sou mais eu, saca?
- Fico pensando se eu perdi a sanidade mental ou se adquiri mais. Cada dia é um exercício poderoso da paciência e resignação.
- Tenho 4 peças de roupa ao total: 2 camisões e 2 vestidos. A calça jeans nem conta, porque é de numeração menor e quase me causa uma gangrena quando visto. Pra isso tem camisão, esconde a banha saltando pra fora e também o efeito Zezé Di Camargo no "cavalo" da calça, que fica apertado e divide a perereca em zonas leste e oeste. Coisa fina, xékssi. Abri mão dos meus pequenos luxos pra manter o bem estar do meu filho. Fazer tudo não dá. Primeiro ele.
- Faço minhas unhas sim, mas por volta da meia noite e elas somente duram até o dia seguinte; quando lavo a primeira louça, lá se vão as lascas na ponta.
- Se eu to aqui no notebook, é porque não dá pra estar na labuta, é porque o Miguel está no colo, senão não tem lazer algum.
E aí ficam me falando que eu estou de férias, que eu parei de trabalhar, que ficar em casa é melzinho na chupeta. Entendo a Than, a Claudinha e as tantas mamães que matam um leão por dia, que não têm ajuda e que se viram como podem.
Pra quem pensa que é brincadeira de criança, eu vou logo falando que não é. Mas é bom demais depois de tudo isso, olhar pro rostinho do nosso filhote e receber um sorriso em troca de tanta dedicação.
Esse post é o desabafo de uma mãe cansada (e por que não?), frustrada. Nem sei porque escrevi tanta coisa, se amo estar aqui. Talvez os últimos acontecimentos aqui na minha esfera pessoal, estejam me deixando assim doente de azedume e negativismo.
Ah, e mais uma coisinha, como estou de malas prontas, vou sumir um tempo. Vai dar uma saudade gigantesca desse cantinho, das amigas, dos bebezões deliciosos... será que eu resisto a essa distância toda?