quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Dormindo com o inimigo






Ora um sentimento de amor que até dói. Ora vontade de sumir sem deixar vestígios. Choro fácil, exaustão, necessidade de isolamento. Confusão mental. Irritabilidade, culpa. O corpo sofre com o cansaço e as dores incessantes. A cabeça não funciona, não dá vontade de fazer nada a não ser entrar num buraco e me esconder. Uma hora beijo e exalto meu filho. Noutra, desejo fortemente que eu nem tivesse engravidado. Não é nada fácil ter um bebê. Não é...me sinto uma vagabunda por não sair do quarto, mesmo porque ele não deixa. Não consigo sair sozinha de casa. Não consigo comer direito. E essa tristeza, o que é isso e de onde vem? Deprê? Baby blues? Um desarranjo de sentimentos... essa é a nova personalidade que notei em mim, e que quando surge, impossível controlar...


O que pode ser? Todas as mães devem se informar.

A forma mais branda da depressão pós-parto é conhecida como baby blues, ou melancolia do pós-parto.
Surge, na maioria das vezes, até o quarto dia do nascimento do bebê e dura até no máximo uma semana, tendo sintomas parecidos com os da depressão pós-parto.
Mais de 80% das mulheres têm o baby blues que, diferente da depressão pós-parto, não é uma doença. A depressão pós-parto pode aparecer a partir da segunda ou terceira semana, mas na maioria das vezes, surge na sexta semana. Um baby blues muito intenso e longo demais pode ocasionar adiante uma depressão pós-parto mais grave.
Por isso é importante acompanhar todas as mulheres na primeira semana depois do nascimento do filho.
Casos mais drásticos são conhecidos como psicose puerperal (pós-parto). Os sintomas são mais radicais: a mãe sofre confusão mental, delírios, tem idéias esquizofrênicas.
Existem casos de mães que matam filhos depois do parto, mas as psicoses puerperais são muito raras - acontecem dois casos a cada mil nascimentos.

Há diferenças enormes entre psicose puerperal e a depressão.
Quando a mãe tem psicose puerperal, há grandes chances, cerca de 50%, de repetir o estado na gravidez seguinte. Enquanto nas depressões pós-parto, não há relação entre uma gestação e outra.
Apesar de não existir prevenção, é possível tratá-la com remédios, dependendo do caso. Não há um remédio específico para depressão pós-parto, mas há casos em que torna-se preciso usar antidepressivos tradicionais para tirar a mãe desse estado.
No entanto, se a mulher estiver amamentando, não é aconselhável que ela tome esses medicamentos.
Segundo dr. Bernard Goose, professor de Psiquiatra da Criança e do Adolescente na Universidade Sorbonne, na França, a comunidade pode dar uma ajuda fundamental. Independente do atendimento psiquiátrico, cada país deveria criar suas próprias redes de convivência.

No passado, havia convivência entre mulheres de gerações diferentes. Isso desapareceu da organização atual da sociedade. As jovens mães devem ouvir a experiência de mulheres mais experientes.
O depoimento de outras mães é fundamental para que ela se identifique: realmente não é tão fácil assim ter um bebê e a futura mamãe não precisa sentir-se culpada por ter dificuldades com a maternidade, outras mães, antes dela, já rejeitaram seus filhos quando nasceram. O papel da família é crucial.
Quando o quadro depressivo diminuir, não há tratamento melhor que o contato da mãe e filho.
Desde que não seja imposto, restabelecer o vínculo entre a mãe e o filho é o melhor antidepressivo.

80% das mulheres são acometidas da tristeza materna
A Tristeza Materna (baby blues), por sua vez, acomete até 80% das mulheres, mas devido ao tabu mencionado pode se imaginar um índice até maior. É um estado de humor depressivo que costuma acontecer a partir da primeira semana depois do parto. É benigno pois regride por si só por volta do 1 mês.

Atenção a quadro mais severo: DPP
Depressão Pós Parto (DPP) é um quadro clínico severo e agudo que requer acompanhamento psicológico e psiquiátrico, pois devido a gravidade dos sintomas há que se considerar o uso de medicação. Acomete até 15% das mulheres, podendo começar na primeira semana após o parto e perdurar até dois anos.

Existem alguns fatores de risco que vêem sendo estudados e demonstram uma alta correlação com a DPP. Entre eles temos: mulheres que sofrem de TPM, mulheres com sintomas depressivos durante a gestação, com histórico de transtornos afetivos, com dificuldades na gestação, submetidas a cesárea (no Brasil na rede privada chega a 80% dos casos, enquanto a OMS recomenda não passar de 15%), primigestas, carência social.
A puérpera se beneficia de grupos terapêuticos onde se pode partilhar o sofrimento junto a outras mulheres em igual situação e sob orientação de um profissional, também pode ser recomendado atendimento psicológico individual.

Distinção entre DPP e Baby Blues
O que distingue a DPP da Tristeza Materna (baby blues, postpartum blues) é a gravidade do quadro e o que ele tem de incapacitante afetando a funcionalidade da mãe e pondo em risco seu bem estar e do bebê. Aparecem sintomas como irritabilidade, mudanças bruscas de humor, indisposição, doenças psicossomáticas, tristeza profunda, desinteresse pelas atividades do dia-a-dia, sensação de incapacidade de cuidar do bebê e desinteresse por ele, chegando ao extremo de pensamento suicidas e homicidas em relação ao bebê. O diagnóstico precoce é fundamental e para isso é necessário um acompanhamento em todo ciclo gravídico puerperal, sendo a melhor forma de evitar, atenuar ou reduzir a duração da DPP. Grupos de gestante têm caráter psicoprofilático e, portanto, ajudam no diagnóstico e tratamento precoce.
Existe um tabu em relação ao tema gestação e depressão, como se a mulher devesse estar radiante pelo nascimento de seu filho e ela fosse culpada de uma espécie de "ingratidão". Algumas mulheres não conseguem admitir para si mesmas que merecem ajuda, escondendo dos cônjuges e da família seu estado. Além da evidente necessidade de cuidados da mulher, acima citados, a DPP é fator de risco para a saúde mental do bebê e, portanto, requer toda a nossa atenção.

Sintomas Baby Blues
. Primeiros dias após o parto
. Atinge de 50 a 80% das mulheres
· Lapsos curtos de memória
· Fadiga
· Ansiedade
· Inquietação
· Impaciência
· Irritabilidade
· Tristeza e choro sem nenhum motivo aparente
Resolve-se espontaneamente após alguns dias

Sintomas de DPP
DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Afeta 1 em 10 mulheres. Constatando-se a presença da maioria desses sintomas, é importante que se procure um profissional, ou que seja comunicado ao obstetra para que esse providencie o encaminhamento.
· Choro incontrolável
· Perda de memória
· Falta de interesse no bebê
· Irritação
· Insônia
· Sentimento de culpa
· Medo de machucar o bebê ou se machucar
· Fadiga
· Tristeza constante
· Alterações de humor exageradas
· Confusão
· Falta de concentração
· Distúrbios de sono ou apetite

Sintomas de psicose
PSICOSE PÓS-PARTO
Afeta 1 em 1000 mulheres. Os sintomas aparecem nos 3 primeiros meses e são mais intensos e duradouros, com episódios psicóticos. Necessita acompanhamento psicológico e internação hospitalar.
· Alucinações ou delírios
· Pensamentos de machucar o bebê
· Insônia severa
· Pensamentos de autodestruição
· Agitação
· Comportamentos estranhos
· Medo
· Pensamentos intrusivos
· Distúrbios de sono ou apetite
Sintomas depressão cronica
SÍNDROME DEPRESSIVA CRÔNICA

Episódio depressivo não psicótico. O tratamento deve ser psicológico e medicamentoso, pois pode perdurar por até 1 ano.
· Humor disfórico
· Distúrbio do sono
· Alteração do apetite
· Fadiga
· Culpa excessiva
· Pensamentos suicidas.

Dicas de como lidar com o Baby Blues

1- Gaste seu tempo com seu bebê! Lembre-se de quanto tempo esperou para segurar seu precioso anjinho.
2- Descanse! Descanse! Descanse! Aproveite esse tempo com seu bebê. Deixem que os outros esperem por você. Deixe-se ser paparicada nestes primeiros dias em casa (principalmente se se submeteu a uma cesariana ou teve complicações).
3- Traga o bebê para o seu quarto ou sua cama para ter mais descanso.

4- Evite horários fixos ou rígidos, isto estressa a nova mãe. Siga o ritmo do bebê e sua própria intuição.

5- Evite esforçar-se. Limite o tempo e o número de visitas de parentes ou amigos. Quando você tiver convidados, não se sinta na obrigação de ser uma anfitriã perfeita. Na realidade, se algum convidado te encontrar de camisola, será menos provável que ele estenda a visita.

6- Algum exercício é bom. Observe o seu limite e não se exceda. Fadiga dor podem piorar seus sentimentos.
7- Sempre que seu bebê dormir, durma e descanse também. Esta NÃO é a hora de pular ou executar aquelas 40 tarefas nas quais você está pensando.
8- Coma bem. Tenha lanches saudáveis à mão. Comidas nutritivas e de fácil preparo são úteis. (Mande os doces para casa junto com a avó.) Esteja certa de estar comendo algum carboidrato (pão, milho, arroz, centeio, batatas, aveia, biscoitos de farinhas integrais etc) a cada 3 horas, para manter o nível da taxa de açúcar no sangue, evitando hipoglicemia.
9- Beba muito líquido. Seu corpo está se recuperando e quantidades extras de líquidos são essenciais para a amamentação. Beba bastante água. Sucos naturais são excelentes. Evite cafeína e calorias vazias dos refrigerantes. Evite bebida alcoólica ou reduza seu consumo ao mínimo.
10- Obtenha ajuda para as tarefas domésticas, refeições e outras crianças. Aceite a ajuda de amigos. SE alguém oferecer para ajudar, não recuse.
11- Priorize economizar energia. Nem todo trabalho doméstico precisa ser feito.
12- Agradeça ao papai quando ele ajudar com a casa, as refeições ou os filhos maiores, por exemplo. Um pouco de gratidão percorrerá um longo caminho nesses dias.
13- Trocar carinhos, abraços e beijos com seu companheiro ajudará a mamter um bom relacionamento entre vocês.
14- Mime a si mesma, você merece. Dê a você mesma uma limpeza de pele ou faça as unhas. Cuide de seus cabelos. Tome um bom banho ou tome um banho com seu bebê. Leia livros de frivolidades.
15- Saia. Respire ar fresco. Leve o bebê para passear com você. Não faça muito de uma vez. Escute seu corpo.
16- Aproxime-se de outras mães. Procure grupos de mães com quem possa conversar e fazer atividades com o bebê. Alguns exemplos: exercícios para mamães e bebês, Grupos La Leche League, grupos de apoio para novos pais, igreja ou grupos religiosos, vizinhos, ou comece seu próprio grupo.
17- Aprenda técnicas de relaxamento e meditação. Aprenda a fazer durante os poucos momentos calmos que você tem. Lembre-se dos exercícios de relaxamento das aulas de preparação para o parto.
18- Concentre-se no que está fazendo. Concentrando-se, o tempo passa mais rápido.
19- Divirta-se com seu bebê. Vá a aulas de ginástica com seu bebê, caminhe, coloque uma roupa bem bonita no bebê, vá ao parque, etc.
20- Exercite-se após liberação médica. Pergunte sobre exercícios específicos e quando pode começar a fazê-los.
21- Seja gentil com você mesma. Dê-se bastante tempo para se recuperar.
22- Embora seja normal experimentar o baby blues, se seus sentimentos persistirem ou parecerem preponderantes não hesite em conversar sobre o problema com seu profissional de saúde. É importante que você tenha todo o suporte que você precisa durante este momento.
23- Ouça conselhos com parcimônia. Siga seus instintos de mãe. Você sabe o que é melhor para o seu lindo bebê!

7 comentários:

Cláudia Leite disse...

Muito bom abordar esse assunto, é muito comum, tenho certeza disso. E conversar sobre isso nos dá uma perspectiva melhor, de buscar ajuda e tentar sair dessa.

bjo!

Thania disse...

Sabe Dri, isso é normal.
Qdo sai do hospital e vim pra casa, achei q eu tava ficando louca pq eu só chorava. Isso no primeiro dia q nem de longe eu imaginava como seriam os proximos!
Qdo me vi sem dormir direito, sem comer e tudo isso, pirei geral! Chorava, chorava e chorava. Me senti a pior mae do mundo. Mas passou! Com a graça de Deus isso foi embora logo, assim q eu me adaptei à nova rotina (ou a fata dela!).
Hj meu corpo se acostumou a dormir poucas horas e sob alerta o tempo todo. Mesmo q a Anna nao acorde pra mamar naquele horario de madrugada, eu acabo acordando sozinha. Vejo q ela ta bem e durmo denovo. Isso nao mais me abala! Mas antes...noooooossa! Ate meu marido achou q eu tava entrando em depressão sim! Pq eu fiquei mal de vdd! Mas acho q esses 80% q a pesquisa diz q é a porcentagem do tal baby blues é furada pq eu acho sinceramente q TODAS as mulheres passam por isso MESMO! É muita mudança, muita coisa nova! Qlq ser humano pira mesmo!!!!
Ve se isso acontecia ha 90 anos atras!...rs
Nao ne...isso é coisa de mulher moderna!

Fiquem bem!

Bjos

Janahhh disse...

ai amiga isso é bem comumnão é facil ser mãe ainda mais quando não temos ajuda de ninguem só do marido e ainda apos um dia de serviço deles tudo fica stressante realmente da vontade de sumirrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr mais fica em paz logo vai passar não se cobre muito tá beijossss

Anônimo disse...

Sabe Adriana, eu qdo a Heloisa nasceu, fiquei muito mal.Nos primeiros dias, surgiu de cara a tal da depressão.Principalmente qdo alguém tirava ela de perto de mim.Procurei um médico e ele me passou um antidepressivo de pós parto mesmo, afinal eu não amamentava e por isso podia tomar.Sentia uma falta de ar tão gde que meu marido e minha avó corriam logo para me dar um copo de água, senão eu não voltava de tanta angústia.Passado uns 15 dias, a coisa foi piorando, nós que não éramos acostumados a ficarmos sem fazer nada, nos sentíamos como seres inúteis, nao conseguia se quer ir ao banheiro e não levar a cria junto.É uma dependência tão gde que nos foge de fazer o resto. Chorava, xingava, esperniava e queria sumir.Várias vezes passou o sentimento que hj vc tá sentindo em mim, nela, na outra mãe, naquela ali em todas é assim mesmo.Mas hj eu posso lhe dizer que tudo na vida passa, inclusive essa impotencia nossa de nao conseguirmos dar conta do recado.Tudo há seu tempo, as vezes uns reloginhos andam mais rápidos do que os outros e outros são mais demoradinhos...mas passa sim, fique tranquila e faça o que vc puder, para que depois nao apareça o sentimento de que podiamos ter feito mais.Ah! Vc esqueceu que tem sempre por perto alguém que possa te ajudar? Se precisar tô mais perto do que vc pensa.Beijos da Helo e da Carol, lembre-se que sozinha a gente nao chega a lugar nenhum.OBS: digo isso pq qdo a Helo nasceu, minha avó tava brigada comigo , mas ela me procurou e foi ela quem me ajudou, senão tava chorando até hj...é verdade, pode acreditar.
Carol

Sabrina Dantas Rodrigues disse...

Oi Adriana!
Eu tive duas fases distintas: os primeiros 15 dias, que é bem normal.Me sentia triste, sozinha, incapaz de cuidar dela...
Mas há algum tempo nefrentei uma deprê braba mesmo...
Chorava muito, não queria fazer nada, pensava muita besteira.
Era uma dor, uma tristeza que não cabia no peito...difícil descrever, só sabe quem sente...
A rotina de cuidar do bebê é bem desgastante, por isso fiquei uns dias na casa da minha mãe, e isso me acalmou, me ajudou.
Agora estou bem, sem remédios.
E sei que tenho que controlar, pois pode voltar.
Fique bem, e saiba que você não está sozinha!!!
beijos e parabéns pelo Miguel!!!

Néinha Figueiredo. disse...

Hoje mesmo tava pensando sobre esses sentimentos e lembrei o qnto o começo foi difícil.
Perturbador pra ser sincera.

Mas depois a gente vai se entendendo com a cria e td flui.

Mas que eu quase pirei foi quase viu???

Hoje o Yan com 3 meses é só alegria!!!

Bjs nossos!

Anônimo disse...

Dri, legal vc abrir este tema, imagino que muitas mamães devem ter passado ou passam por isso.
Amiga, espero que isso passe logo, viu?Grande beijo pra vc e pro Miguel! Qualquer coisa gritaaaaaa que a gente vêm te socorrer!rs