De fato, o contágio pela toxoplasmose durante o período de gestação pode causar aborto, má formação fetal, sequelas neurológicas e problemas oculates. Como a maioria das pessoas atribui de cara somente ao felino a culpa pela transmissão da doença, a maioria das mulheres grávidas se preocupa apenas com a presença de gatinhos em casa e ignora outros fatores muitos mais perigosas, como a devida higiene no trato com carnes na cozinha, por exemplo.
Hoje já se sabe que as futuras mamães podem conviver tranquilamente com seus animaizinhos de estimação sem correr risco algum de contrair a doença, tomando certos cuidados e adquirindo alguns hábitos de higiene bastante simples.
Normalmente os médicos ginecologistas e obstetras solicitam um teste sorológico de toxoplasmose para as futuras mamães. Se possível, o teste sorológico deve ser feito antes da gestação. A sorologia pode ser feita também nos gatinhos.
O casal Ana Paula e Daniel, por exemplo, fez a sorologia neles e na gatinha July, para garantir tranqüila durante a gestação de Sofia, hoje com 4 anos. “Achamos melhor garantir, mas mesmo que o resultado fosse preocupante, a July ficaria conosco. Tomaríamos os cuidados necessários, mas nunca daríamos nossa gatinha”, afirma Ana Paula.
O resultado sorológico positivo indica que o indivíduo (mulher e/ou gatinho) já teve contato com o Toxoplasma gondii anteriormente e que, provavelmente, é imune à doença. Se a mãe já estava infectada antes da gestação, o feto estará protegido da infecção.
A realização da sorologia da toxoplasmose nos gatinhos da casa, pode ajudar a determinar quais ações vão ser tomadas para proteger a futura mamãe e seu bebê. Se o resultado da sorologia for “não reagente” significa que o gatinho nunca teve contato com o parasita. Neste caso, alimentar o gatinho somente com ração apropriada e água limpa, e manter o animalzinho dentro de casa, praticamente eliminam o risco de contágio.
As recomendações do Dr. Carlos Roberto Izzo, médico ginecologista especializado em reprodução humana em São Paulo, para as futuras mamães que tenham gatinhos, é que elas não limpem as caixinhas sanitárias. “Esta tarefa deve ser designada a um outro membro da família ou a futura mamãe deve usar luvas grossas”, conta o médico.
Ele recomenda também que o gatinho não frequente o quarto e, principalmente a cama, da gestante e que não seja permitido ao felino subir nas pias da cozinha e banheiros pelo possível risco de contaminação da comida ou utensílios.
Angélica Klaussner, médica veterinária responsável pelo tratamento de todos os gatinhos do Adote um Gatinho, recomenda também que a gestante passe para outra pessoa da família limpar a caixinha sanitária dos gatinhos. Caso isso não seja possível, ela recomenda que a futura mamãe use luvas de borracha ao executar esta tarefa e que, em seguida, as lave com água e sabão.
O médico veterinárioRoberto Dela Madrid Gomes, concorda que certos cuidados devem ser tomados, pois a prevenção é o melhor remédio. Comenta, porém, que não se pode exagerar e criar um mito ao redor da questão. Ele recomenda, para os casos dos gatinhos portadores da doença, que os cuidados sejam redobrados. “Afastamento temporário do animal, somente em último caso e abandono, nunca”, afirma o médico. “Não é preciso e, pelo contrário: animais e bebês podem conviver e fazer muito bem um ao outro”, conta.
A veterinária Cristiane S. Martins conlcui, no capítulo ‘’Zoonoses Felinas: Mitos e Verdades’’ do livro Medicina e Cirurgia Felina, que uma série de medidas simples deveriam ser tomadas para evitar o contágio com a toxoplasmose mas muitas vezes são ignoradas pois se leva apenas em consideração a presença de gatos na casa.
Diz, ainda, que diversos estudos têm demosntrado que possuir um gato como animal de estimação, ter contato com gatos perto de casa ou trabalhar com gatos num hospital veterinário, por exemplo, não aumenta a chance de contrair a doença.
Observando todos esses aspectos, dá pra ter a certeza de que a recomendação de eliminar o gatinho é fruto de ignorância e desinformação. E tenha muito cuidado: a mídia não costuma se informar sobre o assunto e ajuda a disseminar o mito. A revista Viver Bem, da Natura, por exemplo, publicou na sua edição de Abril uma dica que dizia que grávidas não deveriam conviver com gatos. Notificada sobre o assunto, a empresa reafirmou a posição. O Adote um Gatinho lamenta esse tipo de postura e recomenda cuidado com o que a mídia e as grandes companhias dizem. Informe-se com seu médico e com seu veterinário e mantenha sempre o seu companheiro com você. Um amor de gato é pra sempre, não se esqueça.
Lembre-se dos hábitos simples que garantem a não-contaminação da toxoplasmose:
- Lavar muito bem as mãos com água e sabão após o contato com carne crua;
- Lavar superfícies como pias, tábuas de carne e outros utensílios com água e sabão;
- Antes de ser consumida a carne deve ser cozida (considera-se que o preparo da carne em microondas não é eficaz, devido ao cozimento desigual);
- Evitar o hábito de experimentar a carne durante o cozimento ou embutidos caseiros em fase de maturação;
- Frutas e verduras devem ser cuidadosamente lavadas pois podem estar sujas com terra contaminada;
- Usar luvas durante as atividades de jardinagem e lavar muito bem as mãos logo após;
- Limpar diariamente a caixa sanitária do gato, pois assim as fezes são removidas antes que os ‘’ovos’’ possam se tornar contaminantes;
- Não alimentar os gatos com carne crua ou parcialmente cozidas, vísceras ou ossos e não permitir que saiam de casa para que evitem o hábito da caça;
- Combater vetôres mecânicos (baratas e outros insetos);
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