quinta-feira, 25 de julho de 2013

O hemograma

O temido dia chegou. Desta vez, temido por dois motivos: pelo exame em si, que é meu maior pesadelo - detesto agulhas - e pelo frio cortante que está fazendo nos últimos dias. Como se não bastasse, o horário foi de phoder: 6 da matina no posto de coleta.
Estava tudo escuro, uma friaca de abalar o esqueleto. E lá estava eu, no meu figurino super-sexy! Gente, eu fui de pijama! Eu tinha que escolher entre ir bonitinha e ir quentinha. E claro, a segunda opção venceu disparado. Fui com meu super-duper moletom verde com touca e mais umas trocentas blusas por baixo. Pra completar o visu, um pretíssimo par de All Star nos pés e estava pronta para correr pro abraço.


Esperei minha vez com a resignação de um boi que vai pro abate. Então, ao ser chamada, fui entrando na saleta e dizendo, com voz chorosa:
"-Bom dia! Por favor, vai com carinho que eu tenho medo."
Detalhe: eu estava bem estressada porque a mocinha que entrou antes que eu CAPOTOU. E olha, ela tinha acompanhante. Já eu, pobre de mim, estava só e desamparada. Mas encarei. Pensei: "Enfrentei um parto, por que não uma furadinha?"
Entreguei os 3 tubos para a enfermeira, sentei na cadeira do crime, arregacei a manga e esperei. Pra onde eu olhava, tudo denunciava a tortura que estava por vir. Então a moça diz: "-Vai sentir uma picadinha!"


Porra, picadinha? Mas e esse rio de sangue que vão tirar de mim, não conta? Corre que é uma cilada, Bino!
Mas eu, muito Fêmea-Alfa que sou, fiz cara de "to cagando e andando" e apenas murmurei: "Tá".
Aquela agulha entrou e começou a chupança. Eu sentia minha veia queimando. E meu rosto também. Aliás, páreo duro saber o que queimava mais naquele instante, que pra mim durou horas! Veja só a minha situação, suportar tudo aquilo sem gritar o famoso "cacete de agulha" e ainda segurar a onda. A essa altura do campeonato, meus ouvidos começaram a zumbir, indicando que eu capotaria em instantes. Então a voz da enfermeira soou um doce: "-Pronto, terminou". Saí abobalhada e sentei num  banco ali mesmo na saleta. Eu estava branquinha feito paina, foi o que me disseram. Dei um tempo e saí vazada daquele lugar. Mas saí feliz da vida, porque pela primeira vez NA VIDA eu fui sozinha tirar sangue, não desmaiei, não chorei e resisti até o fim!
Gente, eu já sou mocinha agora, hihihihihih! Mamãe teria orgulho de mim!

Eis meu troféu!



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