Uma noite. Duas. Três. Quatro, cinco, seis, sete... perdi as contas. Acho que já passa de duas semanas nessa vida loka. Arthur decretou, não dorme à noite. Nem eu. Vou contar como tem sido por aqui. Em especial, como foi essa última noite para mim.
O pobre pai dorme no sofá gelado e duro, já que a cama acabou ficando pequena para a mãe, um bebê e uma insônia. Ele precisa se refazer para enfrentar o dia de trabalho.
Eu protelo ao máximo a minha ida para a cama, já traumatizada, porque sei que nem deitar direito poderei. O frio come solto madrugada adentro e eu ali, fazendo as vezes da plantonista "incansável". Arthur deseja mamar. Cochila, mas logo acorda, parece assustado. Às vezes se acalma logo, noutras é como se fosse tomado por um terror. E chora, chora. De repente, a calmaria. Não nesta última noite, mas às vezes até o Miguel sai da cama incomodado com tanta balbúrdia. O relógio não perdoa, não para, o tempo vai avançando e eu confesso que às vezes eu desejo mesmo que aquilo acabe e o dia amanheça logo. É muita tortura. Frio. Sono. A cabeça dói, o corpo moído, os olhos insistem em fechar, as pálpebras pesadas, colando. Mas o Arthur continua ali, meio tirano até, me proibindo o tão necessário descanso. Algumas vezes o terror termina às 6 da matina, e eu posso dormir umas 2 horas com sorte. Hoje não foi assim. Arthur permaneceu acordado. 7 horas. 7 e meia. 8 da manhã. Miguel levantou duas vezes e eu enérgica, mandei ele voltar para sua cama. Cedo demais. Frio demais, chuva. Eu não poderia arcar com duas crianças mal humoradas. Preparo uma inalação para o Arthur, ele está resfriado. Herança do Miguel. Depois que começou a frequentar a escolinha, nunca passou mais de uma semana sem que o nariz escorresse, ou que tivesse uma tosse chata. Me avisaram!
Inalação feita, ele começa a soltar pum, tem um pouco de cólica. Quer meu colo. Quer mamar. Resolve brincar, mas logo chora. Ouço lá no outro quarto, Miguel se bater na cama, fungar. Acho que ele está acordando de novo. Catso! Como é difícil! Isso não ensinam na escola! Continuo ali, firme e forte: nana nenê, nana! Finalmente, Arthur relaxa e começa a ficar mais molinho, adormece. Eu ajeito ele no cafofinho ao meu lado na cama. Me cubro com o edredom, estico meus cambitos. Ahhh, delícia. Que sensação maravilhosa, tão quentinho e...
"-Mamãe, mamãe! Qué vê gainha!"
Não tem jeito. Salto da cama, ainda tento negociar: "Vamos deitar eu e você lá no seu quarto. Vamos dormir abraçadinhos." Mas não tenho sucesso. Ele quer brincar, quer ver TV. E eu, bem... eu tenho um longo dia pela frente, casa suja, roupa para lavar,crianças precisando de uma mãe disposta (cadê ela?).
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